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“Uma caminhada observadora pelo campo revelará qualquer número de linhas semelhantes a fios, embora muito da ordem linear da natureza esteja escondida no subsolo na forma de raízes, rizomas e micélios fúngicos” (Ingold, 2007:41, tradução nossa)

A marca do humusidades, desenhada como uma visão ampliada de um micélio em crescimento, busca expressar a característica descentralizada e disseminadora desses seres. Ela foi inspirada pelo desenho de C.T. Ingold, pai do antropólogo britânico Tim Ingold e um dos mais influentes micologistas do século 20. Tal desenho está presente no livro de Tim Ingold, “Lines”, em que ele  descreve e analisa o mundo a partir das linhas – traços, fios, cortes, vincos, labirintos, nós e tessituras variadas – que convivem, interligam-se ou entrelaçam-se, conformando a realidade material como conhecemos.

sobre o humusidades

“Somos compostagem, não pós-humanos; habitamos as ​humusidades​, não as humanidades” (Haraway, 2016: 35, tradução nossa).

“Essa raiz para 'homo-', penso eu, é uma espécie de... Utilizo-a para designar o excepcionalismo humano, uma espécie de singularidade do humano, fundamentalmente masculino, independentemente dos acidentes empíricos das pessoas recolhidas para a categoria. É fundamentalmente Euro, independentemente das línguas, etnias e cores das pessoas recolhidas, e basicamente, é um termo colonizador em todas as suas ressonâncias. Deixo o 'homo-' fazer isso. Em contraste, pode-se levar o humano com a mesma facilidade, e de facto, mais facilmente, para a direcção do ​húmus​, para o solo, para o trabalho multiespecífico, biótico e abiótico da Terra, os terrestres, aqueles que estão dentro e da Terra, e para a Terra. O ​húmus é o que é feito nos solos e no composto, para aqueles que alimentariam a Terra. Portanto, quando digo 'com- post', é mais do que uma piada, embora também seja uma piada. É uma recusa a ser tão sério sobre as categorias, e a deixar as categorias assentarem-se um pouco mais levemente com as complexidades do mundo. Mas '​húmus​' é um termo ao qual estou muito ligada, com o qual fazemos, e tornamo-nos uns com os outros, como no composto. Estamos verdadeiramente com” (Haraway ​in Franklin, 2017: 02, tradução nossa).

Seguindo as pistas lançadas por Donna Haraway e as suas companheiras de viagem, este programa de estudos independentes se dedica a pensar-com as ​humusidades​. Os ciclos de leitura, oficinas e atividades da composteira apresentam especial interesse para antropólogas, arquitetas, artistas, designers, urbanistas, estudantes e curiosas de toda sorte. Nos ciclos de leituras, pensamos-com textos animados por convidades variades que conduzem os encontros. Nas oficinas e nas atividades da composteira, experimentamos escrever, ler, pesquisar e compostar ideias e projetos em torno das SF propostas por Haraway: ficções científicas, feminismos especulativos, fabulações especulativas, figuras de corda, e por aí afora.

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